O Golfe é um esporte praticado há muito tempo. Reza uma velha lenda que tudo começou com um camponês que tentou acertar uma pedra dentro de uma toca de coelho, arremessando-a a partir do seu cajado. Desde aí, tem se tentado melhorar o equipamento, trocando pedras por bolas de materiais complexos, cajados por tacos ultra sofisticados, mas ainda assim, a mecânica do movimento sobrepuja qualquer material, em termos de performance.
Vamos tentar explicar como esse esporte funciona. A ideia consiste em acertar uma bolinha dentro de um buraco que, por vezes, se encontra a mais de 500 metros de distância da “linha de largada” ou tee. Para isso, o jogador conta com 14 tacos previamente selecionados, sendo que apenas um é de uso obrigatório por todos os jogadores. Os diferentes tipos de taco servem, basicamente, para se regular a distância da tacada. O movimento do corpo (ou Swing), raramente muda de mecânica ou intensidade. Então, um taco com a “cara” mais angulada, projetará a bola mais pra cima que pra frente, gerando mais controle na tacada, porém menos distância. O inverso é verdadeiro também. Portanto, não é necessário aplicar uma força tremenda para projetar a bola longas distâncias. Apenas aplicar a mecânica correta do swing. O resto o taco faz para você.
Determinamos que o campeão é aquela pessoa que completa 18 buracos com o menor número de tacadas. Lembrando que tacas que deram muito erradas, e caíram, por exemplo, no lago, pagam uma tacada extra de penalidade. Portanto, veja a importância de um Swing bem executado. E como ter um bom Swing, você deve estar se perguntando. A resposta é: Técnica apurada, horas de treino, e um condicionamento físico adequado.
O swing por si só, mesmo parecendo simples, implica em diversas qualidades físicas. Estabilização de tronco em postura de flexão de coxa, coluna ereta e alinhada, estabilidade de membros inferiores enquanto o troco roda na ida (backswing) e na volta (downswing), flexibilidade de tronco e de membro superior, e claro, coordenação motora. Viu em algum momento eu citar força ou potência? Essas qualidades não definem um bom jogador. E na maioria das vezes comprometem a qualidade do swing. Logo, o swing exige uma postura curvada à frente, perfeitamente estática num primeiro momento, com o equilíbrio perfeito e os membros relaxados. Aliás, um dos erros mais comuns ao jogador iniciante é contrair demais o corpo. Porém a ideia é contraditória. Como manter uma postura sólida e estática sem contrair excessivamente os músculos? Aí está a chave e o primeiro segredo do treinamento físico.
A partir dessa base sólida, podemos executar o movimento. A fase em que o taco se afasta da bola é o backswing. Nessa fase, acumulamos energia, para depois retornarmos o taco até a bola novamente. Nessa fase, além da manutenção da postura, necessitamos de flexibilidade e de liberdade de movimentos.
Note que a pelve e o tronco rodaram, assim como os braços. Porém a postura curvada à frente continua, os pés não se moveram, nem tampouco a cabeça. Outro ponto importante é o braço esquerdo. Não deve haver flexão do antebraço.
No downswing, quem inicia o movimento é a pelve. Rodando antes que os outros segmentos do corpo, e puxando-os a seguir a rotação. O último segmento que semove são os braços.
Note como a pelve está rodada, tendendo a “olhar” para o alvo, enquanto o troco adota uma posição de inclinação, “fugindo” da bola. Essa posição auxilia a fazer a bola subir. Outro erro muito comum nos jogadores iniciantes é não fazer essa inclinação, ou tentar movimentar demais os braços.
Gosto de pensar no swing como um pêndulo complexo, onde o centro do movimento sempre é a rotação do tronco e não a ação dos braços. Os braços servem, em parte, como uma extensão da vara do taco. Digo “em parte”, pois há mais um segredo que quero compartilhar com vocês. O movimento das mãos e do antebraço é importantíssimo.
Termino por aqui nessa breve análise biomecânica do swing do golfe, espero que tenham gostado.
Seguindo esse raciocínio biomecânico, o pilates pode ajudar esses alunos golfistas a desenvolver maior força, estabilidade e controle de tronco e membros. Como ?
Dentro do repertório de exercícios no Pilates, temos várias opções de movimento que podem ajudar os alunos a desenvolverem a força e o controle da musculatura, tais como: Torção lateral em pé (no Cadillac), Backhand (no Reformer), Toque cruzado (no Reformer), Rotação em decúbito ventral, segunda modificação (no Ladder Barrel), Abdome lateral apoiado (na Stability Ball) e Torção do tronco (no Mat).
Essas são apenas algumas opções, com criatividade e conhecimento da biomecânica poderemos criar novos exercícios e progredir aos poucos esses alunos, melhorando a eficiência do movimento. Divirtam-se e criem novas opções nas suas aulas !!!
Texto escrito em parceria com o fisioterapeuta Dr. Marcelo Sanchez CREFITO-3/90155-F
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1 dez 2012
GOLFE E PILATES?
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