domingo, 19 de junho de 2016

QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES QUE PODEM LEVAR A DOENÇA DE ALZHEIMER ?

A DA atinge primeiramente o hipocampo, uma estrutura cerebral responsável pelo processamento da memória e com o tempo vai progredindo lentamente para outras áreas do cérebro e causando a morte das células, especificamente dos neurônios. 


Esses danos são irreversíveis e alteram todo o funcionamento intelectual, afetivo, comportamental e mais tarde, físico da pessoa. Uma sobrecarga enorme para o cuidador e a família, pois a pessoa vai perdendo sua capacidade para pensar, aprender, lembrar, comunicar-se, realizar suas atividades diárias de maneira eficiente, independente e gerir sua vida com autonomia, necessitando de cuidados constantes de outra pessoa para continuar vivendo. 



Alguns fatores podem ser de risco para o desenvolvimento da DA:

Um fator de risco é algo que aumenta a chance de alguém contrair uma condição ou doença. Ele sugere um aumento da possibilidade, mas não uma certeza de que a doença aconteça, pois ela pode desenvolver-se com ou sem fatores de risco. 

Estes fatores que predispõem o indivíduo podem ser: modificáveis, como o traumatismo crânio-encefálico, nível educacional, os hábitos de vida, e não modificáveis, como idade, genética, hereditariedade e o gênero feminino. 

Muitos estudiosos acreditam que, ao longo dos anos, algumas condições ou doenças podem ocorrer e vir a contribuir para que aconteçam alterações no cérebro que levam à DA. O que se sabe é que alguns predispõem mais as pessoas que os possuem, se comparados com outras que não os têm. 



Dentre os mais estudados estão: 

- Idade:

Esta é uma condição que ninguém pode mudar, mas ela é, indiscutivelmente, o mais reconhecido fator de risco. Embora a prevalência da DA aumente com a idade, isto não é uma condição normal da velhice. Ela é apenas uma doença que se aproveita do envelhecimento, mas não faz parte dele, pois muitas pessoas bastante idosas não a desenvolvem. Pode ser normal, pessoas que envelhecem, apresentar sutis declínios em suas habilidades intelectuais (isto é muito individual), porém não chega a afetar a sua capacidade de funcionar bem no dia a dia.

 

- Genéticos e hereditariedade:

Estudos variados indicam que a influência genética pode representar de 1 a 5% dos casos da doença.


A DA é classificada de duas formas:

- de início tardio

- de início precoce

A DA de início tardio, refere-se àqueles casos em que as pessoas manifestam os sintomas com 65 anos ou mais e que são os casos mais frequentes.

Os riscos parecem ser maiores quando o indivíduo tem parentes de primeiro grau como pai ou mãe que teve a doença, porém, muitos não desenvolvem mesmo assim.

Algumas poucas famílias parecem ter um gene que provoca a doença e que aumenta as chances de passá-la de pais para filhos como é o caso da DA de início precoce que caracteriza aqueles casos de pessoas que manifestam os primeiros sinais da doença antes dos 65 anos, estando diretamente relacionados  a genes que sofreram mutações e que causam alterações em proteínas por eles produzidas, levando as pessoas a apresentarem os sintomas mais cedo. Esta é uma forma menos comum, porém mais grave, pois sua evolução é mais acelerada.

 

- Ser do sexo feminino:

A Doença de Alzheimer afeta mais a mulher do que o homem (uma relação de 3 para 2). Uma possibilidade é porque a mulher vive mais.

 

- Baixo nível educacional:

Inúmeros estudos são realizados para explicar melhor porque pessoas com baixo nível educacional e analfabetas (com pouca aprendizagem ao longo da vida) parecem ser mais predispostas a desenvolver DA.

 

Pessoas com atividade intelectual intensa parecem fazer mais sinapses (comunicação entre as células), o que pode fazer com que os sintomas demorem mais para aparecer. Melhor educação pode refletir numa maior capacidade cognitiva e de reserva cerebral, podendo adiar a manifestação clínica da doença.

 

Diversos estudos têm discutido uma questão denominada de Reserva Cognitiva (RC), que refere-se a capacidade que o cérebro parece ter de suportar melhor os efeitos de uma doença como a DA, sem apresentar os sintomas ou as manifestações clínicas da doença, embora já instalada no cérebro. Um estudo recente realizado por Barnes & Yaffe, analisou os efeitos da hipótese da RC e concluíram que o risco é menor para quem tem ensino superior, exerceu uma profissão estimulante ao longo da vida, tem QI (quociente de inteligência) mais elevado, quem tem como hábito de vida realizar atividades física e de lazer que sejam desafiadoras, encontrando uma redução de 10% de prevalência para a DA. Isto poderia significar uma baixa de 534,000 casos no mundo todo e uma redução de  25% em 1.375534.000 casos em todo o mundo e uma redução de 25%, resultando  numa diminuição da prevalência de 1,375 milhão.

 

A principal hipótese é a de que o pouco uso do cérebro não fortalece nem aprimora suas conexões, nem aumenta sua RC. A explicação para esta hipótese é a de que o cérebro, quando bem “estimulado”, consegue formar vias alternativas para processar a informação e funcionar direito por mais tempo, atrasando o surgimento dos sintomas. As evidências são de que isto muda a estrutura física e química do cérebro resultando em mais conexões entre as células, aumentando com isso suas reservas e reagindo bem frente a uma lesão. Isto não significa que quem tem maior RC esteja livre de desenvolver a DA. De jeito algum. Mas sim que pode atrasar o surgimento dos sintomas.


 

- Traumatismo crânio-encefálico:

Fraturas de crânio (osso que reveste o cérebro) e lesões no encéfalo, especialmente quando há perda de consciência, podem aumentar o risco para a DA. Os pugilistas são profissionais que parecem possuir predisposição maior à DA por estes motivos.

 

- Doenças cardiovasculares, diabetes, depressão, obesidade e estilo de vida:

Doenças cardiovasculares: Cuidar do coração é cuidar do cérebro também, demonstram vários estudos. Controlar os níveis da pressão arterial e manter os níveis de colesterol dentro dos limites mais seguros são maneiras eficientes de prevenção de derrames ou outras condições.

 

Diabetes: Parece haver uma relação importante entre Diabetes e risco aumentado de desenvolver Doença de Alzheimer. Sabe-se que a utilização da glicose no cérebro de pessoas com DA é prejudicada e isto é muito parecido ao que acontece quando a pessoa tem Diabetes tipo ll.

 

Depressão: Há evidências de que pessoas que frequentemente sofrem de depressão têm duas vezes mais chances de desenvolver DA em comparação àquelas que não têm este histórico. Altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) podem estar associados à depressão, que também podem causar a morte de neurônios.

 

Obesidade: O risco aumentado de uma pessoa obesa vir a desenvolver demência ainda é de difícil compreensão. A evidência mais clara é a de que pessoas obesas parecem ter um risco aumentado de vir a desenvolver problemas cardiovasculares como pressão alta, colesterol elevado, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e, posteriormente, de vir a desenvolver demência vascular ou mista (Demência Vascular com Alzheimer).

 

Estilo de vida: Hábitos como o de beber em excesso, fumar, manter dieta rica em gordura, levar uma vida estressante, sedentária e sem prazer podem ser muito ruins para a saúde em geral, especialmente a do cérebro.

 

Embora não seja possível prevenir a DA, existem algumas práticas que merecem ser incorporadas na rotina do dia a dia. Pessoas que mantem-se em constante aprendizado, socialmente e fisicamente ativas, que usufruem de lazer periódico, que não bebem em excesso e não fumam, controlam seu peso dentro dos padrões do IMC (índice de massa corpórea), que regularmente fazem acompanhamento médico e exames preventivos, que dormem bem e cultivam uma visão positiva da vida, tendem a controlar mais o surgimento de doenças, condições ou complicações, preservando mais a saúde física e mental na velhice.

 

Claro que existem exceções, mas a grande maioria que vive por mais tempo e melhor, se encaixa neste modelo de hábitos saudáveis.

 

Referências Bibliográficas

Barnes, DE; Yaffe, K. The projected effect of risk factor reduction on Alzheimer's disease prevalence. The Lancet Neurology; 2011;10(9):819-828







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