A moda é relativamente recente, e vem crescendo ultimamente, a ponto de se tornar comum. Corredores vem utilisando meias de compressão.
Trago a opinião de um especialista, o doutor Kasuo Miyake, médico e cirurgião vascular que me foi apresentado pela professora Simone Lotito, pós-graduada em Fisiologia do Esporte. Reproduzo abaixo parte do bate-papo que tivemos, em que ele nos ajuda a entender como fazer o uso correto desse tipo de material.
O senhor costuma dizer que temos mais de um coração. O que isso significa?
Temos cinco “corações”, dois nas panturrilhas e dois nos antebraços, além do conjunto de músculos e ossos da caixa torácica e abdômem. Chamo esses grupos de “corações” porque eles também ajudam o sangue a circular pelo corpo. Podem evitar trombose em situações onde somos forçados a ficarmos parados, como em voos longos, por exemplo. Por isso é muito importante manter esses músculos em bom estado de saúde e usá-los durante o dia.
O senhor me submeteu a um ultrassom das pernas e constatou uma anormalidade no retorno venoso, ainda que assintomático. Qualquer pessoa deveria ser examinada?
Entre 20% e 30% dos pacientes assintomáticos tem a safena anormal. Não é raro achar uma pessoa magra, ativa, que não sente qualquer dor nem apresenta edemas, mas que apresenta insuficiência de safenas. Eu acredito que todas as pessoas deveriam fazer a ultrassonografia de perna, porque ela nos ajuda a saber que temos de movimentar mais as pernas e evitar situações em que as deixamos paradas por longos períodos. Isso não quer dizer, claro, que todos os que apresentam essa anormalidade devem ser submetidos a cirurgias. A existência de sintomas continua sendo determinante na decisão sobre uma intervenção.
Como essa insuficiência de safena pode afetar um atleta?
Ela pode causar perda de performance, recuperação mais lenta após o exercício, cicatrização mais lenta de microlesões, etc.
O que o senhor acha dessa moda do uso de meias elásticas entre os corredores?
A meia pode ajudar, mas é preciso adotar alguns cuidados para comprar o modelo correto. Se for usada de forma errada, a meia, pode fazer mais mal do que bem.
Como escolher a meia ideal?
A meia ideal deve comprimir de 15 a 20 mmHg na região dos tornozelos e dos pés. Na metade da panturrilha, ela deve comprimir 70% disso e, na extremidade superior, apenas 20% disso. Se a meia ficar frouxa no tornozelo e muito esticada na panturrilha ou no joelho, acaba tendo gradiente de pressão invertido e piora o retorno venoso e linfático. Além dessa questão da compressão, é importante que a meia seja leve, com alta taxa de respiração, e que seja feita em material de boa qualidade, que mantenha as características de compressão após o uso. Se ela ficar deformada depois do uso, deve ser descartada.
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