quarta-feira, 10 de março de 2010

UM CALÇADO PARA CADA TIPO DE MODALIDADE ESPORTIVA.

Avanços tecnológicos dos calçados

podem ser desnecessários

 
Saber quais são as exigências de cada esporte é importante para proteger o pé sem investir muito em tênis com avanços tecnológicos que, no fim das contas, podem ser desnecessários.

Os megassistemas de amortecimento, por exemplo, devem ter sua importância relativizada. Fundamental em alguns esportes, como o basquete e o vôlei, o amortecimento é desnecessário em atividades como o ciclismo, de pouca importância na musculação e indesejável em corridas de obstáculos e de velocidade.

"O sistema de amortecimento deixa o tênis mais pesado e compromete o rendimento em provas de corrida de velocidade", diz Nélio Alfano Moura, coordenador nacional de saltos da Confederação Brasileira de Atletismo.

Outras características podem acabar gerando problemas de saúde. Maleabilidade e flexibilidade podem ser duas qualidades num tênis --a não ser que o dono queira usar o calçado para andar de bicicleta ou praticar spinning. Nesse caso, o uso de um tênis com a sola mole pode levar a uma inflamação da planta do pé, segundo o médico Moisés Cohen.

"Se a pessoa pedalar com um tênis de sola flexível durante uma hora por dia, fatalmente terá uma lesão. O correto é pedalar com a planta do pé, usando um calçado com sola rígida --isso aumenta até o rendimento do atleta. Com o tênis errado, a pessoa terá de fazer muito mais força", diz Gilson Alvaristo, diretor técnico da Federação Paulista de Ciclismo.

Já o cano alto, indicado para quem pratica basquete por limitar a amplitude de movimentos e, assim, diminuir o risco de torções durante o impacto do pé com o solo, não é recomendado a tenistas, que precisam ter o tornozelo livre para se mexer melhor na quadra.

A utilização de um modelo de tênis para atividades às quais ele não está adaptado também leva a um desgaste mais rápido do calçado --nem todas as solas resistem bem, por exemplo, ao tipo de pressão exigida em equipamentos de musculação.

A engenheira química Camila Cerdeira, 32, leva dois pares de tênis para a academia: um para as aulas de musculação e outro, com amortecimento, para a corrida na esteira. "Eu sentia muitas dores na panturrilha e no calcanhar. Depois que comecei a trazer os dois, o problema passou. Mas basta eu esquecer um deles em casa para sentir a diferença."
AMARÍLIS LAGE
Folha de S.Paulo

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